Justiça condena casal de sócios e diretor de empresa por ‘golpe do tomate’ na Paraíba

Jucélio Pereira é investigado por liderar o “Golpe do Tomate”, em Lagoa Seca, na Paraíba – Foto: Hort Agreste. Jucélio Pereira é investigado por liderar o “Golpe do Tomate”, em Lagoa Seca, na Paraíba – Foto: Hort Agreste

A 7ª Vara Criminal condenou um casal de sócios e o diretor financeiro de uma empresa envolvida em um esquema fraudulento que atraía investidores com a promessa de lucros exorbitantes no cultivo de produtos hidropônicos. O golpe, operado pela empresa Hort Agreste, localizada em Lagoa Seca, na região Agreste da Paraíba, resultou em prejuízos para os investidores, que não receberam os rendimentos prometidos.

A decisão, assinada pelo juiz Geraldo Emílio Porto nesta quarta-feira (26), condenou os três réus pelos crimes de estelionato e associação criminosa. Abaixo, as penas impostas a cada um:

  • Jucélio Pereira de Lacerda: 13 anos e 5 meses de reclusão, além de 250 dias-multa, com cumprimento inicial em regime fechado e sem possibilidade de recorrer em liberdade.
  • Nuriey Francelino de Castro: 11 anos e 9 meses de reclusão, também com 250 dias-multa, e cumprimento inicial em regime fechado, sem possibilidade de recorrer em liberdade.
  • Priscila dos Santos Silva: 9 anos de reclusão, além de 166 dias-multa, com cumprimento inicial em regime fechado, mas com permissão para recorrer em liberdade.

A defesa de Jucélio Lacerda e Priscila Silva argumentou que as condutas do casal não se enquadravam nos crimes de estelionato e associação criminosa, contestando a sentença. O advogado afirmou que irá recorrer da decisão.

O Jornal da Paraíba não conseguiu contato com a defesa de Nuriey Francelino de Castro.

Jucélio Lacerda e Nuriey Castro estão presos, enquanto Priscila Silva responde pelos crimes em liberdade.

O golpe

Bancadas de hortaliças eram aportadas financeiramente por investidores – Foto: Hort Agreste. Bancadas de hortaliças eram aportadas financeiramente por investidores – Foto: Hort Agreste

O empresário Jucélio Pereira de Lacerda foi preso no dia 7 de fevereiro, na zona rural de Lagoa Seca, região de Campina Grande, por suspeita de estelionato qualificado e formação de quadrilha, em um esquema de investimentos em cultivo de hortaliças hidropônicas em que ele não efetuava os retornos prometidos.

Ele foi preso por força de um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça. Segundo as investigações, o suspeito possui uma fazenda de cultivo de hortaliças hidropônicas, que são vegetais plantados na ausência de solo, apenas com água e nutrientes necessários.

Ele oferecia investimentos nesse cultivo, com a justificativa de que a manutenção do plantio é cara, e prometia em troca lucros acima da realidade do mercado financeiro. Quando chegava a época do investidor começar a receber seus retornos financeiros, os pagamentos não eram efetuados.

O Jornal da Paraíba teve acesso a um boletim de ocorrência feito por uma das vítimas do golpe contra o empresário. Segundo a denúncia, foram prometidos rendimentos mensais de 7% para Tomate Tipo 1 durante 12 meses e 10% para Tomate Tipo 2 durante 24 meses.

Após os prazos informados, o investidor teria acesso ao percentual de 30% a título de participação nos lucros.

O denunciante alega que investiu e realizou o pagamento de mais de R$ 180 mil em outubro de 2023, mas desde o dia 15 de novembro não vem recebendo seus pagamentos.

Conforme relato das vítimas, Jucélio prometia também uma “invenção mágica” para os investidores, que garantiria a produção das hortaliças em um tempo recorde, nunca visto antes.