Faz tempo que o presidente da Assembleia Legislativa do Estado, Adriano Galdino (Republicanos), cultiva o discurso de que é o responsável por manter a governabilidade da gestão João Azevêdo. E, de fato, a premissa é verdadeira. Pelo menos em grande parte.
Sentado na cadeira da Presidência da Assembleia, passou pelo gabinete dele nos últimos anos as situações mais delicadas e significativas para o andamento da gestão estadual.
Nas anotações de Galdino estão, por exemplo, a aprovação dos mais de R$ 3 bilhões em empréstimos para o Governo (quase todos em regime de urgência, sem discussão), além da derrubada da decisão do TCE que reprovou as contas de Azevêdo.
Está, também, o engavetamento de CPI’s que poderiam ter desgastado o Governo. A mais recente, do caso Padre Zé, onde dois secretários estaduais são acusados de receberem propina do esquema.
Mas nas últimas semanas essas faturas estão dividindo espaço com outras, também apresentadas pelo deputado – mas direcionadas ao presidente estadual do Republicanos e da Câmara Federal, Hugo Motta.
Galdino credita a ele, juntamente com outros, o crescimento exponencial da legenda no Estado. Ele tem dito que quando chegou ao partido nele estavam somente Hugo Motta e o deputado Jutay Menezes.
Hoje a legenda é a mais competitiva do Estado, com 9 estaduais e três federais.
A apresentação das expensas, por Galdino, ocorre em um contexto onde ele cobra apoio de Hugo Motta para o seu projeto de disputar o Governo estadual no próximo ano, mesmo observando que o horizonte de Motta aponta para emplacar o pai, Nabor Wanderley, na disputa pelo Senado.
Na narrativa de Galdino não está, porém, a indicação da filha (Alanna Galdino) para o Tribunal de Contas do Estado recentemente. Um movimento acompanhado por João e Hugo sem objeções. Assim como a sua permanência por quase 10 anos na Presidência, sem que o Governo buscasse viabilizar um outro nome para disputar o controle da Assembleia.
As faturas do presidente também poderiam receber um ‘R’ após o ‘F’, de fraturas. É que as cobranças feitas provocam o tensionamento das relações com João e Hugo, com o risco de fraturas serem expostas, mais à frente, a depender do lugar destinado a Galdino dentro da base que disputará as eleições de 2026.
Por enquanto ele tem insistido que é pré-candidato ao Governo. Resta saber… até quando e em qual agrupamento. Se com fraturas ou somente faturas.